quinta-feira, 1 de julho de 2010

No Caminho de Jesus, na caminhada de toda gente

"Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes" (Mc. 2. 17)

Por Torquato Silva
Foto: Torquato Silva e Dávile



Momento especial de Evangelismo no bairro com a presença do irmão Carlos Alberto, coordenador da Pastoral da Visitação e Consolação as Pessoas idosas, Enfermas e Enlutadas do Ponto Missionário da Liberdade. Com a participação especial de Dona Neide, parteira do bairro, Dona Wal e Nice (UMEAB do Ponto Missionário), e jovens da Pastoral de Juventude






Momento da entrega da cadeira de rodas a dona Severina


No Caminho de Jesus, na caminhada de toda gente...


O projeto de Jesus e sua metodologia é de absoluta simplicidade. Basta ler os primeiros capítulos dos evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas. Com o coração atento e a alma aberta para promover e celebrar a vida no meio da praça, caminhando pelas ruas da cidade, partindo e partilhando o pão e, sobretudo, ouvindo as pessoas e se relacionando com elas, foi assim que o Mestre da Galiléia começou sua caminhada entre nós. Jesus não procurou método algum de “crescimento” para nenhuma comunidade. Essa não era a prioridade dele. Nem queria começar uma nova religião concorrente com a fé de seus ancestrais. Não tinha o menor propósito de criar uma grande sinagoga para ser a “Catedral” da fé ou “Templo” maior como sede internacional do seu movimento. Ele mesmo se reunia com as pessoas pelas beiras do Caminho.


As dicas estão lá, bem claras e objetivas, nos textos dos evangelhos. Tomemos como exemplo o Evangelho Segundo São Marcos e rapidamente vamos dar uma passeada em seus primeiros capítulos apenas para observar os temas de cada um deles. Já no primeiro capítulo a partir do versículo 14, diz que Jesus saiu de um determinado lugar em direção a Galiléia para de lá dar inicio ao seu Ministério. O texto diz: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede na Boa Nova!”. E continua no mesmo capítulo: “E caminhando junto ao mar da Galiléia, viu Simão e André”, e continua dizendo que o Senhor reconheceu que eles estavam em dificuldade para pescar. Jesus conversou com essa gente, com os dois pescadores que estavam em apuros e desolados por não ter pescado nada até aquele momento. Em seguida, caminhando mais um pouco encontrou outras pessoas: Tiago e João. Dois irmãos se sentindo tocados e alcançados pela proposta do Caminho de Jesus e do seu seguimento, deixaram até a família e seguiram ao Mestre.


Do capítulo 2 em diante, já com sua equipe formada, com seus discípulos e discípulas caminhando e até certo ponto entendendo sua proposta para a vida, a narrativa do Evangelho demonstra que Jesus agora passa a “atender” as pessoas, a curar as enfermidades, a libertar as almas oprimidas e as tristes. Vejamos, por exemplo e em particular, o encontro de Jesus com o coletor de impostos, Levi (Marcos 2.13 – 17). O versículo 13 nos coloca diante de uma pergunta: por que Jesus caminhava pela Galiléia? Desconfio, (acho... crendo!), que por essas bandas devia ter muita gente pobre, humilde, necessitada, carente, em condição de miséria, em busca de apóio, cuidado e atenção. Outro detalhe muito interessante é demonstrado pelo versículo 14 com a seguinte expressão: “Enquanto CAMINHAVA, Jesus VIU Levi.” E em seguida faz o convite: “Venha comigo!” Levi levanta-se e segue a Jesus. E claro, causa o maior problema porque para aquela sociedade gente como Levi não servia para nada, muito menos para andar ao lado de qualquer pessoa. E Jesus caminhava com ele. Ou seja, Jesus vivia em movimento, caminhando, convivendo com as pessoas. Curioso isso. No mínimo devia causar uma tremenda confusão na cabeça do povo da época. Tanto é assim que o texto continua dizendo que Jesus comia com gente de má fama.”Por que ele come e bebe (partilha, convivve) com essa gente?” Era a pergunta que passava pela cabeça de quem estava por lá. E essa parte do texto é complementada extraordinariamente bem por uma moldura perfeita: “Não vim para os que têm saúde, vim para os doentes! Não vim para os bons, vim para os pecadores". E assim, caminhando, percebendo, ouvindo e vendo as pessoas, relacionando-se, Jesus vai provocando mudança na existência de cada pessoa que se encontrasse com ele. Quem se encontra com Jesus muda de vida.


Então, qual o melhor método para consolidar uma comunidade? Qual a melhor maneira para implantar uma comunidade cristã num bairro? Numa cidade? Qual a estratégia mais adequada para multiplicar a membresia? Francamente será que essa era a preocupação de Jesus? Pensando o contrário, no meio da Igreja cristã, há muita gente e instituições que confundindo igreja com empresa e comercio, visando multiplicar a presença dos crentes na congregação e, conseqüentemente, o número de dizimistas, procuram métodos mais milaborante de “crescimento”. Essa gente visando o lucro não percebe que a proposta de Jesus era outra. E são capazes de absolutamente tudo para juntar tesouros na terra.


Claro que devemos pensar na Igreja que, por sua qualidade teológica e pastoral, haverá inevitavelmente de vivenciar o crescimento quantitativo de pessoas na caminhada, na construção e proclamação do Reino de Deus na terra, na consolidação da comunidade local. Mas, o principio deve ser a oração pela Liturgia, celebrativa e cheia de vida. E não somente por ela, mas pela oração na vida, dando sentido a Celebração Dominical pela qual a gente se reúne para vivenciar o Evangelho de transformação da existência humana, explodindo para as ruas, trazendo a memória das pessoas crentes o porquê de nos reunimos: Celebrar a história de Jesus no tempo e na vida da humanidade e, sobretudo, provocar mudanças concretas. Porque quem tem um encontro com Jesus não pode continuar do mesmo jeito. Isso, esse encontro especial, muda a vida, a história do local onde se vive e as pessoas que ali habitam. Quem se encontra com Jesus muda de estilo de viver, muda grande parte das atitudes e vive atrás de melhorar a maneira de existir a cada dia. Nesse sentido, muita gente tem razão quando usa a palavra conversão, mudança de mentalidade. Quem mentia muito, procura viver mais a verdade; Quem enganava, procura viver mais a transparência; Quem roubava, busca restituir o roubo; Quem vivia em exagero da bebida e das drogas, procura controlar o vício; Quem não cuidava da saúde, busca organizar-se para procurar tratamento. E assim por diante...


É desse jeito e com esse propósito que o Ponto Missionário da Liberdade vai celebrando a vida nas ruas, buscando provocar ressurreição nos lares, querendo ouvir e sentir as dores de nossa gente pelos cantos do bairro, a nossa margem. É assim que procuramos não se assustar com a realidade cruel da violência, com a vulnerabilidade das pessoas que vivem na expectativa de que, há qualquer momento, o pior poderá acontecer. É assim que nossa Comunidade de fé busca exercitar o sonho, o desejo ardente que o método que herdamos, a partir da vivência de Jesus, possa ser o nosso maior e principal referencial para o crescimento da Igreja.


Subir aos lugares mais altos do bairro, sentar a beira da rua para ouvir as pessoas, rir e chorar com elas, partilhar o pão, tomar o vinho e celebrar a vida. essa é a nossa caminhada de fé Incluir todas as pessoas, cada qual de nós em sua diversidade e particularidade. Isso porque também temos alegria e motivos para festejar e agradecer a Deus.


Veja as fotos da caminhada clicando na foto abaixo:

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