sexta-feira, 21 de maio de 2010

UMEAB: Mulheres na Bíblia – Ecologia e Vida

O Encontro Diocesano da UMEAB (União das Mulheres Episcopais Anglicanas do Brasil), realizou-se no dia 15 de maio de 2010, na Catedral da Santíssima Trindade, no bairro do Espinheiro no Recife.


Por Walkiria Rodrigues

Calorosa recepção com um delicíoso café da manhã.


D. Maria José, do Ponto Missionário da Graça Divina, em João Pessoa,
explicando a Dinâmica de Grupo.


À frente dos cânticos a MP Eliane.


Apresentação da Paróquia Boas Novas de Caaporã-PB.
Representaram Rebeca, Raabe, Rute, Ana e a rainha Ester.


Alguns homens também se fizeram presentes,
prestigiando o encontro.


Nice e Walkiria representando o Ponto Missionário da Liberdade.

As Ministras Pastorais Ilma Rios e Rose Cunha dando testemunho
de suas vocações para servir ao Senhor
e a Reverenda Ivanilza comemorando 25 anos de admissão de mulheres
ao ministério na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.


O tema Ecologia e Vida foi desenvolvido pelo Bispo Diocesano,
Dom Sebastião Armando.


Intervalo para o almoço.


Oficina: Água fonte de vida.


Oficina: Reciclagem do lixo.


Estiveram presentes 36 mulheres vindas de:
Caaporã, João Pessoa , Umbuzeiro, Cabo de Santo Agostinho,
Jaboatão dos Guararapes e Recife.


Às 17 horas, houve a celebração
de ordenação diaconal de Ilma Rios e Rose Cunha.

Leia mais sobre o encontro AQUI

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dia das Mães

Dia das Mães
09 de maio de 2010

Por Walkiria Rodrigues

A Missão da Liberdade realizou uma bela celebração em
homenagem ao Dia das Mães,com os jovens cantando
acompanhados por Kuki, ao violão.


O Sr. Carlão declamou um lindo poema.


O Reverendo Félix pediu a bênção para as
mães presentes e para as que não puderam comparecer.


A cada mãe foi entregue uma singela lembrança e foi servido
um lanche após a celebração. Salientamos a presença de D. Luíza,
75 anos, dando o ar de sua graça, como sempre;



e a de D. Neide, fazendo sua primeira visita
ao Ponto Missionário.

Clique aqui para ver mais fotos : Feliz Dia das Mães !!!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Unidade Cristã

A Urgência da Unidade Cristã


Marcelo Barros*

No hemisfério sul, comunidades cristãs de várias Igrejas celebram a partir do próximo domingo e até o domingo 23 a Semana de Orações pela Unidade. Neste ano, se comemoram os cem anos da Conferência de Edimburgo que deu origem ao movimento ecumênico. Em 1910, comunidades da Ásia, nas quais pastores e missionários protestantes atuavam, lhes disseram: “Vocês vêm aqui e cada grupo prega o Cristo de um modo. Além de dividirem nossas comunidades, ainda semeiam confusão. Voltem a seus países. Ponham-se de acordo sobre o que anunciam e, então, sim, venham anunciar o evangelho que nós aceitaremos”. Ainda sem a participação da Igreja Católica, pastores de diferentes Igrejas aceitaram se reunir e combinar entre si uma missão comum. Embora antes já existissem iniciativas de diálogo, esta conferência missionária em Edimburgo, há cem anos, foi a origem do atual movimento pela unidade das Igrejas.

Neste ano, o tema escolhido para a Semana da Unidade recorda estes cem anos de missão em comum e é extraído do capítulo 24 do evangelho de Lucas: “Vocês são minhas testemunhas”. Toda a vida de Jesus, suas palavras e ações, revelam que há um projeto divino para o mundo e este projeto é objeto de um julgamento. Toda sociedade e, dentro dela, cada pessoa, são colocadas diante desta proposta divina de um mundo irmanado e organizado a partir de critérios como irmandade, justiça, paz e comunhão com a natureza.

Conforme o evangelho, durante sua vida pública, Jesus deu testemunho do amor de Deus às pessoas e do seu projeto de paz, justiça e transformação do mundo. Jesus fez isso curando pessoas doentes, reconciliando as pessoas com Deus e reintegrando-as à comunidade. Na véspera de ser assassinado, ele reuniu os discípulos e discípulas em uma ceia pascal. Nesta ceia, lhes disse: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei. O mundo conhecerá que sois meus discípulos e discípulas, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34- 35). É como se ele dissesse: “Até aqui, eu dei testemunho do Pai através dos sinais de libertação que fiz com as pessoas doentes, pobres e marginalizadas. Agora, vocês devem continuar a fazer estes sinais e dar testemunho do projeto de Deus no mundo. Embora tenha dito que “quem crê em mim fará coisas ainda maiores do que eu” (Jo 14, 12), não posso pedir que façam milagres extraordinários. Então, o sinal que lhes peço é o amor e a unidade”.

A unidade que Jesus deseja para seus discípulos e discípulas não visa apenas criar uma comunidade internamente mais harmoniosa. Ela serve para unir as comunidades diferentes no mesmo tipo de trabalho que ele realizou. A missão da Igreja não é apenas religiosa e interna, mas visa a transformação do mundo e a libertação das pessoas sofredoras. Em 1968, afirmaram os bispos católicos latino-americanos, reunidos em Medellin (Colômbia): A Igreja cristã deve servir à libertação de todo ser humano e de cada pessoa por inteiro” (Doc 5, 15).

De fato, cada vez mais, em um mundo marcado pela competição e pelos conflitos, as Igrejas cristãs deveriam ser exemplos de uma sociedade nova, igualitária e mais justa, na qual as pessoas pudessem dizer: “humanas a este ponto só mesmo sendo de Deus”, como podiam dizer a respeito de Jesus. Infelizmente, ainda temos esta dívida com o mundo e com Deus.

Em 1969, no Maranhão, um bispo foi participar de um grupo bíblico no interior do estado. Era uma reunião de gente muito simples e quase todos sem muita leitura. Naqueles dias, haviam visto pela televisão a chegada dos primeiros astronautas na lua. A discussão no grupo era se aquilo era verdade mesmo ou se era uma ficção. Algumas pessoas acreditavam que era real e outras diziam que não podia ser. Ninguém poderia pisar na lua. O bispo perguntou a uma senhora que era a rezadeira do grupo: “O que a senhora pensa disso, dona Chiquinha?”. Ela respondeu sem hesitar: “Se esse pessoal foi ou não foi na lua, eu não sei. Mas, por experiência, seu bispo, eu acho que é mais fácil o homem ir à lua, do que se unir às pessoas que são mais próximas”. Pois, é este milagre que Jesus pede e espera de nós.

*Monge Beneditino, hoje reside em Recife. Caminheiro do diálogo ecumênico e interreligioso. Autor do livro "A Noite do Maracá", entre outros títulos

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Solidariedade

Artigo do Jornal da Missão da Liberdade
Ano 2 - Edição I - Maio/2010


Cidadã Modelo

UMA PITADA DE SOLIDARIEDADE
Por Juliane e Walkiria Rodrigues



Figura conhecida em Santo Aleixo, Abigail Barbosa da Silva nos encanta com demonstrações de amor ao próximo. Mas ninguém a conhece como Abigail e sim como D. Neide, hoje com 62 anos, casada a 42 com o Sr. José. Natural de Chã de Alegria veio ainda criança para Jaboatão, já adulta começou um curso de enfermagem, seis meses depois seu pai faleceu o que a impediu de terminar o curso. Aos 20 anos, grávida de seu primeiro filho, quis o destino lhe fazer parteira, em plena rua, sem o mínimo de condições, realizou o parto de uma senhora. O primeiro de tantos outros, que nem mesmo sabe precisar quantos. Atualmente tem o curso de parteira e luta como tantas outras para ter a profissão reconhecida e remunerada. Porém diz emocionada que trabalha por amor, “É bonito ver nas mãos aquele recém – nascido... colocar no colo... é uma emoção, chego a chorar.”

Trabalha voluntariamente com estas pessoas que são carentes de quase tudo, distribui roupas usadas, faz curativos, quando tem ajuda faz uma sopa que distribui na comunidade. “Não tenho vergonha nenhuma de pedir para quem tem necessidade” diz ela. Além de tudo isso, é mãe de 10 filhos, teve oito biológicos dos quais sobreviveram três e sete são adotivos, além destes cria um afilhado de dois anos de quem ela mesma fez o parto. Estas adoções tiveram início com uma promessa, ela vivia modestamente numa casa de taipa, prometeu que se conseguisse ter um teto para morar adotaria sete crianças. Relata que se sente orgulhosa, que ama a todos da mesma maneira, que sempre dividiu tudo o que tinha e que o importante é saber criar e dar amor.

Durante a entrevista ela aplicou uma injeção de insulina em uma senhora, rezou outra senhora e mais duas crianças. O Liberdade! lhe questionou: - D. Neide, quantas horas tem o seu dia? Ela bondosamente sorriu!

Reverenda Lílian Conceição

 Por Izaías Torquato

Este ano, em Janeiro, completamos 15 anos de existência e trabalho em Jaboatão Centro. Em Santo Aleixo estamos há 4 anos, aproximadamente. Muita gente passou por nós, muita gente caminhou conosco. Nesse caminho há uma carta escrita em 2002 pela Reverenda Lílian Conceição que faz parte da história e identifica outras pessoas históricas da nossa caminhada de fé. Vale a pena ler, se emocionar e relembrar esse tempo vivido.

"Porto Alegre, 15 de janeiro de 2002.


Aos Membros da
MISSÃO DA LIBERDADE
Jaboatão dos Guararapes - PE


Irmãs e Irmãos,
Paz e Bem!
Hoje é a data que há alguns anos escolhemos como marco do aniversário do nosso nascimento enquanto comunidade. Precisamente 7 (sete) anos. E até aqui nos ajudou o Senhor” (I Sm.7,12b).
Durante a caminhada, tivemos alguns tropeços, caímos, levantamos, ajudamos e recebemos ajuda para levantarmos. Enfim, muitas coisas aconteceram. Aprendemos e desaprendemos muito. Foi uma bela caminhada, a qual sempre contamos com a presença acolhedora de Deus. E é muito bom que sempre lembremos de cada pessoa que esteve conosco, bem como de cada pessoa que ficou conosco. Coloquemos cada qual diante do Senhor em nossas orações.
No último dia 30 de dezembro, quando da celebração após a minha ordenação diaconal, fiz um desabafo no momento do sermão que certamente não foi entendido por todas as pessoas. Realmente foi um desabafo não um sermão. Senti-me na condição de mãe que ama muito sua filha e que deseja fazer enxergar alguns erros para melhor corrigí-los. E confesso que vejo a Missão da Liberdade como uma filha, pois participei dela desde o momento da gestação, senti com as pessoas que estavam desde o início. Acolhi o sonho/desejo do pais fundadores, Joabe e Luciano; sentí-me grávida desse sonho/desejo e participei de todo o processo de crescimento dessa filha. Tivemos algumas pessoas, reverendos e reverendas que passaram conosco algum tempo: Rev. Francisco de Assis, Revda. Siméia, Rev.Daniel, Rev. Stephen, Revda. Evanilza e Rev. Marcos Barros, que estará até fevereiro próximo. Mas cada qual delas estiveram conosco por um certo tempo, tendo que seguir seus caminhos e nós fomos ficando. Com o tempo, fui exercendo algumas atividades na falta de quem as fizessem. Logo vocês reconheceram em mim uma vocação que não me dava conta. Fui chamada por Deus através de vocês a dedicar minha vida de forma especial. Daí entendi que dizer sim a ordenação seria a resposta esperada. Hoje sou ordenada pela Igreja de Jesus Cristo, a qual fazemos parte nós e todas as nossas irmãs e os nossos irmãos na fé. Recebi um sinal que não pode ser apagado pelo tempo e com ele a responsabilidade de me ajuntar a multidão de mulheres e homens que receberam de Deus a tarefa de cuidar da Sua Igreja, nunca esquecendo que fazemos parte dela. Hoje temos o prazer de ter como ministro encarregado o Rev. Francisco Sales, meu colega de seminário, companheiro na caminhada de formação. Agora sou sua colega de ministério. Também contamos com o nosso querido Ministro Leigo, ou como dizemos em Pelotas, Ministro Pastoral Auxiliar, Antoine. De fato, o Senhor quer que a Missão da Liberdade continue existindo e tem enviado pessoas Suas para cuidar disso. Mas existir não depende apenas de pessoas chamadas a exercerem ministérios ordenados e instituídos, mas essencialmente depende de cada pessoa, irmã e irmão, que a compõe. A responsabilidade é de cada pessoa.
Agora estou em outras terras. Sinto-me enviada por vocês. Espero dar testemunho do que juntos aprendemos. Espero que cada qual de nós sejamos sinal de vida e luz no mundo de morte e trevas.
Aprendemos juntos que fazemos parte da comunhão de todas as pessoas santas que se foram e das que ainda vivem aqui nesse mundo. Assim, é motivo de alegria saber que onde quer que cada qual estejamos, estaremos ligados em oração, pois confessamos uma única fé. Mantenhamo-nos firmes na oração.
O desabafo refletia a culpa de quem sempre esteve com vocês, mas não sabia como cuidar devidamente. Não sei como ser pastora, mas fui escolhida por meio de vocês para aprender a sê-la. Não sei se chegará o dia em que direi que aprendi tudo o que é necessário, mas estou certa de que me empenharei com toda a intensidade do meu ser em ser uma zelosa aprendiz.
Espero que não guardem consigo as palavras tristes, pois as alegrias são maiores. Animemo-nos com o entusiasmo que vem da fé comum na única razão de nosso viver: Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
Parabéns! Esse é um tempo especial para lembrarmos de que não estivemos sós em nenhum instante, pois o Senhor esteve e está conosco. Façamos nossas as palavras escritas em I Samuel:
até aqui o Senhor nos tem ajudado”.
Com amor fraterno e materno, Lilian"

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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Leitura Bíblica e Futebol no Alto da Sé em Olinda
Encontro de Formação da Visão Mundial*
Por Torquato Silva
Foto Reinaldo Almeida

Olinda, Alto da Sé. Em Pernambuco há vários lugares inspiradores. Mas esse, em especial, tem várias fontes de água bem limpinha e doce. Pois bem, aqui ao lado do Convento da Conceição onde esta reunida gente de vários estados brasileiros, de ONGs, de Movimentos Sociais e Igrejas, viveu irmã Visitatio e, durante muito tempo, residiu irmã Dietlind Mathilde, ambas as irmãs beneditinas missionárias. A primeira, catequista de mão e vida cheia, a segunda, pesquisadora bíblica. As duas caminhantes na mística do CEBI. Lembro da irmã Visitatio falando expressivamente do seu “Datachão” e nos fazendo rir com sua modernidade tecnológica, quando fazia o chão das suas palestras. Lembro, também, a primeira vez que encontrei irmã Dietlind. Quando a conheci estava à espera de um transplante de córnea. Com dificuldades para enxergar lia com uma lupa. Lia livros e escrevia seus textos com uma lupa na mão. Um detalhe importante, a irmã Visitatio, também com problemas de visão, não podendo mais ler por causa de catarata, pedia para suas irmãs companheiras e também outras pessoas amigas lerem para ela todos os dias. A primeira já viveu sua Páscoa. A outra, hoje, vive na Alemanha. Não podia começar este texto sem citar essas duas mulheres. Aqui nos reunimos para estudar a Leitura Popular e Comunitária da Bíblia e como ler a Palavra e dela extrair elementos animadores para a vida. A abordagem que teremos durante esse tempo tem a ver com visão e leitura.
Nossa caminhada é tão mística, tão orante quanto esse lugar onde nos encontramos. A cidade é carnavalesca, cheia de cores e poesia. Aqui pessoas jovens, homens e mulheres, se reúnem para ler a Bíblia. Por isso, começamos dançando e cantando “ALELUIA! ALELUIA! VAMOS CANTAR, DANÇAR, GRITAR, LUTAR! QUE É PRA GLÓRIA DE DEUS BRILHAR” e isso se funde com “Olinda! Quero cantar a ti esta canção. Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar. Faz vibrar meu coração, de amor a sonhar. Em Olinda sem igual...SALVE O TEU CARNAVAL!!!”. Ora, de vários lugares do Brasil veio gente para descobrir como a Bíblia pode ser lida, um novo jeito de caminhar com essa leitura, de orar com esse texto Sagrado. E isso com o recheio suave da contemplação. A vista de qualquer ângulo é extraordinária. Há verde e azul por toda parte, há árvores e mar em toda janela. O que marca a experiência e proporciona o espaço de uma leitura popular da Bíblia é a “fé” e a “vida”. Sem esses dois elementos poderemos fazer qualquer outro tipo de leitura do texto, menos uma leitura popular. Há quem diga que a Bíblia é um livro feito de sangue, suor, lágrima e alegria. A Bíblia surge da vida do povo, da comunidade, e é em comunidade que devemos beber desta fonte. Bem falou Frei Carlos Mesters em um texto que escreveu e colocou o nome: “Bíblia: Livro Feito em Mutirão”. A motivação de uma leitura popular da Bíblia é compreender o texto a partir da vida e a vida a partir do texto. Estamos em reunião para tomar consciência de que a leitura é sempre um ato interessado, militante, político. E que busca, na prática, uma reflexão coletiva e amadurecida a partir da leitura comum. Mas não única, estática, imutável. Porque quem escreve o texto não o conclui. Haverá sempre o contexto de quem escreve e de quem ler. E cada pessoa que ler o texto acrescentará seu olhar e suas palavras dando sempre continuidade ao mesmo. De maneira que fica infinito. Nenhum texto termina em si, haverá sempre corações, olhares e mentes para continuá-lo. Nessa inspiração temos também a presença de Milton Schwantes, pastor luterano e biblista. Milton, como tão carinhosa e intimamente é chamada, é quase uma personagem bíblica e mítica entre nós. Uma personagem que em vários lugares do Brasil, nesse exato momento que este texto é lido, há várias pessoas citando alguma história dele ou lendo algo que escreveu. Ele também, como irmã Visitatio e Dietlind, está com dificuldade para enxergar. Antes de vê-lo e conhecê-lo, ouve-se muito dele. E antes de apertar-lhe a mão, ouvimos sua grave e mansa, suave e impactante voz ecoar pelos corredores do convento. Com seu andar cansado, com as pernas trôpegas, mas sempre com um sorriso nos lábios e olhinhos puxados por trás dos óculos, chega de mansinho e vai falando com toda gente, olhando nos olhos, dizendo: “Olá, como vai? Acabei de chegar! Mas, teremos tempo pra conversar e nos conhecer!”. Frágil, vulnerável, com a saúde bem debilitada, carregava seu próprio corpo sobre seus pés cansados. Disseram que ele fez uma cirurgia muito séria na cabeça para retirada de um tumor no cérebro e que quando retornou para casa correu logo para pegar um livro que falava da Bíblia pra ver se conseguia ler. Sua espiritualidade inspira também como essa cidade linda. Dom Sebastião Armando, reencontrando o amigo de caminhada Bíblica sorri e, visivelmente, mostra sua satisfação de assessorar um encontro conjuntamente com o Milton Schwantes amigo pessoal de longas datas. Dois bíblistas, dois irmãos, dois caminheiros na formação da Leitura Popular e Comunitária da Bíblia. O Bispo, então, caminha na construção da leitura bíblica em dois momentos. Um, motivado pela leitura do texto de Emaus (Lc. 24. 13-35), dividindo o grupo para leitura e reflexão. No Caminho, conversando e relembrando a vida, os olhos do casal que caminha para se distanciar de Jerusalém são abertos. Voltando para casa encontra um desconhecido que toca profundamente o coração. Os olhos são abertos ao partir do pão. E outro momento, explanando, a partir do diálogo com o grupo, a melhor forma de se fazer a leitura da bíblia. Os desafios, os problemas que motivam a leitura mais consciente da Bíblia. Uma leitura que coloca a gente no lugar certo para provocar mudança de consciência e prática.
Agora, já imaginou irmã Visitatio, Dietlind e Odja falando sobre futebol? Sobre o jogo do Santa Cruz e Nautico nos Aflitos? Pastora Odja, da Igreja Batista em Pinheiros, Maceió-AL, disse que no campo de futebol as mulheres, há não mais do que 50 anos, estão começando a tomar e ocupar espaço. Também no lugar da Bíblia isso é bem recente. Na Bíblia, como também no futebol, dizia Odja, a mulher sempre teve o lugar da torcida que vai assistir ao jogo no campo do adversário, que entra por uma porta separada por trás do campo, e que tem o menor espaço na arquibancada, e que no final, só pode sair depois que todos os torcedores do time local já tiverem saído. E claro, tudo isso sob o olhar atento de um policiamento masculinista e autoritário. Na assessoria, por exemplo, com todo respeito aos nossos mestres, Dom Sebastião e Milton, o jogo já está em 2 a 1. Ou melhor, uma. Por isso, a presença da irmã Visitatio e Dietlind para equilibrar o placar. Isso, mesmo sabendo da delicadeza, do encanto desses dois homens, essencialmente, tão femininos.

Dom Sebastião e Milton Schwantes

Pro fim, como é Brasil, cá estamos nós conversando sobre Futebol e Religião. Mais precisamente sobre Leitura Bíblica no alto da Sé em Olinda. Ah, e as irmãs Visitatio e Dietlind? Mesmo com suas dificuldades visuais enxergam tanto e tão longe que até hoje nos inspiram a fazer sempre mais gols na formação da nossa gente querida e sofrida a partir da Leitura Popular e Comunitária da Bíblia.
*Texto escrito por ocasião do Seminário da Visão Mundial sobre Leitura Popular e Comunitária da Bíblia, ocorrido em Olinda-PE, nos das 28 à 30 de Abril de 2010.
Album de fotos do encontro:


28/04/2010

Brasis - Diocese Anglicana do Recife

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4ª Travessa Santo Aleixo, 275
Santo Aleixo - Jaboatão dos Guararapes - PE
Próximo ao Mercadinho Asa Branca