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Monge Marcelo Barros |
Cidades e comunas da província de
Cezenna e Forlí, perto de Rimini criaram o prêmio da paz. Essa é a primeira
edição de um prêmio anual que é simbólico (consta de um diploma e o ícone de um
crucifixo antigo, símbolo da cidade de Longiano) e ligado a uma marcha anual
pela paz. O critério dos organizadores é oferecer esse prêmio a alguém que se
distinga por seu trabalho no plano da interculturalidade e do diálogo, seja de
gêneros, seja o diálogo interreligioso. Para receber esse primeiro prêmio como
construtor da paz 2012, o escolhido foi o monge beneditino Marcelo Barros,
brasileiro, natural de Camaragibe, em Pernambuco e que atualmente vive em
Recife. Desde a juventude, Marcelo se consagra ao diálogo com as culturas e
religiões afrobrasileiras e atualmente trabalha no plano latino-americano da
integração das culturas. Esse trabalho é feito a partir da inserção e do
compromisso com a luta de libertação do povo, especialmente dos lavradores e
pessoas das periferias urbanas. No Brasil, ele é membro da Comissão pela
Diversidade Religiosa na Secretaria Especial da Presidência da República para
os Direitos Humanos e, em abril passado, foi eleito secretário para a América
Latina da Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo (ASETT). Tem 44
livros publicados, dos quais 14 traduzidos ou editados diretamente na Itália.
Acompanha frequentemente grupos de solidariedade e dialoga com grupos cristãos
que não se sentem inseridos nas estruturas comuns da Igreja.
Na cerimônia de recepção do prêmio no
Castelo sede da fundação, Marcelo Barros afirmou que aceitou o prêmio não
porque se sentisse merecedor, mas para merecê-lo. Disse ainda que o recebia em
nome do seu grupo de irmãos e irmãs ligados à teologia pluralista da libertação.
Afirmou ainda que no Brasil muitas pessoas e grupos mereceriam esse prêmio bem
mais do que ele e deu o exemplo dos companheiros/as do MST e dos movimentos
populares. Em poucos minutos de conversa, ele tinha conquistado todo aquele auditório
da comuna, repleto de adultos e de muitos jovens. Respondeu a perguntas do
prefeito da cidade, de um professor da Universidade Regional e do público em
geral. Declarou que a base do diálogo intercultural e interreligioso é a
espiritualidade ou seja, uma cultura de amor e solidariedade que nos faz sempre
ser abertos ao outro e ao diferente. Reconheceu que os obstáculos mais
frequentes para essa abertura intercultural e portanto para a construção da paz
no plano das religiões é o dogmatismo e o autoritarismo. Também denunciou o
patriarcalismo como chaga que fere a sociedade. Quando perguntado se se sentia
tão valorizado em sua própria terra e pela sua Igreja como o é pelas
comunidades da Itália e de outros países, respondeu que se sente muito bem com
as comunidades eclesiais de base e com os movimentos da pastoral social. Alguém
lhe perguntou: Como reage quando sente que alguém não concorda com suas ideias
e não o aceita? Ele respondeu: Procuro superar o sofrimento afetivo que isso
provoca em mim e compreender as razões pelas quais a pessoa não me aceita. O
público aplaudiu. (de Leonello Renno, no Correio de Longiano, 29 de setembro
2012 – traduzido do italiano).
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