A ILUMINURA DO XXVIII
CONCÍLIO DA DIOCESE ANGLICANA DO RECIFE
Podemos
remontar ao Egito Antigo a arte de ilustrar textos. Porém foi na
Europa, no período particularmente compreendido entre os séculos V
e XV, que a arte das iluminuras se desenvolveu. Destacam-se neste
período as iluminuras confeccionadas nos mosteiros das ilhas
Britânicas, como os Evangelhos de Lindisfarne (Lindisfarne Gospels)
e o Livro de Kells, com forte influência da cultura celta. Tais
mosteiros, como os de Lindisfarne e Iona, forma centros irradiadores
de arte e evangelização a toda Europa. Mas, o que são iluminuras?
Grosso
modo, as Iluminuras são textos caligrafados e ilustrados (decorados)
com imagens coloridas, acompanhadas ou não por detalhes dourados.
Inclusive é a presença do dourado (aplicação de folhas de ouro)
que nomeia a arte das iluminuras: o texto caligrafado ficava
“iluminado” por conta do brilho do ouro neles. As iluminuras
também são conhecidas como ‘miniaturas’ por conta da grande
presença do pigmento vermelho (em latim: minimum) usado nos
textos caligrafados e ilustrados. Geralmente era a primeira letra do
‘capítulo’ do texto manuscrito, por isso chamada ‘capitular’,
que se apresentava em cor vermelha ou com detalhes (filigranas)
dourados.
Seguindo de perto a tradição da iconografia medieval, também
presente nas iluminuras, meu trabalho é também uma alegoria sobre o
que somos e desejamos. A confecção da iluminura partiu então de
elementos (imagens) que remetem a nossa identidade eclesial e
cultural: somos uma diocese episcopal anglicana no nordeste do
Brasil. Façamos uma breve aproximação de tal iconografia...
Na
iluminura do XXVIII Concílio Diocesano destaca-se a imagem do
‘báculo’, símbolo do episcopado; e por relação, da igreja
local (‘Onde está o bispo, aí está a Igreja’ Santo Inácio de
Antioquia (+ 107)). Báculo este que está ‘vivo’, na medida em
que está plantado no solo (ver suas raízes) e apresenta-se coberto
de ramos. Os ramos e folhas, por sua vez, lembram a arvore símbolo
das matas pernambucanas: o visgueiro (Parkia pendula). Na
parte superior do báculo temos o brasão da diocese. Importante
destacar que sai do báculo um ramo que ‘envolve’ imagens que
evocam o Quadrilátero de Lambeth, a dizer que tal episcopado está
‘envolvido’ na identidade anglicana; assim como suas raízes
estão ladeadas pela logomarca da IEAB (Província) e pela cruz celta
(anglicana).
Esta
terra, onde o báculo está ‘plantado’ é nordestina:
representados pelo coqueiro (litoral) e pelo mandacaru (sertão).
Ambos estão vivos, viçosos e floridos. Na base da ilustração, uma
praia estende-se e nela nasce o sol... Sobre tal paisagem desce três
labaredas de fogo (Espírito Santo). Mais acima, uma imagem
lembra-nos a Trindade: modelo da comunhão perfeita e por extensão
da Igreja. Em seu centro está a ‘Cruz de Cantuária’, um dos
símbolos de nossa identidade e de nossa Comunhão Anglicana.
Em
resumo pode-se dizer que as ilustrações, assim como as cores
escolhidas, presentes na iluminura do XXVIII Concílio Diocesano
expressam vida e identidade. São imagens que falam de nossas raízes
anglicanas (cruz celta e cruz de Cantuária), episcopal (báculo e
nordestina (paisagem).
Eduardo Henrique
(Ribeiro Halves)
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